Resenha | Vozes Anoitecidas - Mia Couto

agosto 13, 2021

 COUTO, Mia. Vozes Anoitecidas: Contos. 1°. ed. São Paulo: Companhia das

Letras, 2013. 152 páginas.


A obra Vozes Anoitecidas do escritor Mia Couto, teve sua primeira edição no

Brasil publicada pela Editora Companhia das Letras em 2013, conta com 152

páginas de pura fantasia e criatividade, características estas que são marcas dos

romances e contos escritos pelo escritor que é o maior nome da literatura africana.

Mia Couto é conhecido por trazer em suas histórias sempre uma mistura de

realidade e fantasia, como em Terra Sonâmbula, onde o autor faz uma mistura entre

a realidade cruel da guerra civil no continente africano e a beleza que se pode

enxergar através da imaginação. Em Vozes Anoitecidas isto não é diferente, nos

contos relatados por Couto se observa o entrelaçamento entre coisas do cotidiano,

como uma vaca prestes a ser crucificada, e situações exageradas e inimagináveis,

como um marido que cava uma cova para a própria esposa ainda viva.

O livro se divide em doze capítulos, cada um composto por um conto, todos

narrados por um narrador onisciente, que descreve todos as histórias ao decorrer

das cento e cinquenta e duas páginas da obra, este também é o livro de estreia do

escritor no gênero prosa.

O exemplar irá apresentar personagens que passam pela dura realidade

africana no país de Moçambique, todos os contos mostrará ao leitor uma crítica

social, aspecto este sempre presente nas obras do escritor moçambicano, estas

características ficam claras em contos como: “O último aviso do corvo falador”, ou

mesmo em “A fogueira”, onde um idoso cansado da pobreza e violência do lugar

onde vive resolve cavar uma cova para sua esposa estando ela ainda viva, para que

possa descansar em paz. Nestes contos fica nítida a crítica à miséria vivida pelo

povo africano em um país devastado pela guerra e a fome, também mostra a crença

religiosa do povo quando relata a fé nas profecias ditas por um pássaro falante,

mostrará também uma realidade de submissão onde a esposa não questiona o fato


de seu marido cavar uma cova para ela, pelo contrario fica feliz de ter encontrado

um marido tão bom, segundo ela.

Para uma boa compressão da obra é necessário que o leitor abra os olhos da

subjetividade para captar a mensagem que o escritor deixa explicito nas entre linhas,

bastante crítica, poesia, reflexão e sabedoria estão escondidos nos contos de Mia

Couto, o autor se preocupa em passar ao leitor, por meio de uma visão singular, a

realidade africana e o poder da imaginação como forma de ver e aceitar o mundo. A

obra é indicada para jovens e adultos que estão em busca de uma ótima narrativa,

uma história bem construída e que prende o leitor do início ao fim.

Mia Couto é um dos nomes mais relevantes da literatura da língua portuguesa

e o maior da literatura africana, escritor e biólogo, entre os prêmios que foi vencedor

está o Prêmio Neustadt, tido como o "Nobel Americano", que também foi recebido

pelo escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto, Couto conta com uma extensa

biografia de obras publicadas, entre elas estão “Terra Sonâmbula” e “Antes de

nascer o mundo” e desta forma ele leva para todos a rica literatura e cultura africana,

usando a imaginação para mostrar a realidade de seu povo.

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