resenha

A Redoma De Vidro | RESENHA

fevereiro 15, 2022

 

PLATH, Sylvia. A Redoma De Vidro. 1°. ed. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014. 280 páginas.

 

            O livro A redoma de vidro, único romance da escritora norte americana Sylvia Plath, teve a sua primeira edição publicada em 1963, apenas algumas semanas antes da morte da autora, tendo chegado ao Brasil somente em 2014 e sendo publicado pela editora Biblioteca Azul, conta com 280 página, onde a escritora expõe entre fantasia e relatos autobiográficos a história da jovem e prodígio protagonista Esther Greenwood.

            Sylvia Plath, foi uma poetisa que viveu as mudanças, reformas e protestos do século XX, características estas que se sobressaem em seus escritos. Apesar de ser conhecida por seus poemas, Plath também ganhou notoriedade por seu romance intitulado no Brasil "A redoma de vidro", obra que trata da juventude amargurada do século passado, o acesso feminino a educação e o despreparo da medicina para lhe dar com os anseios e dificuldades mentais das jovens que viveram aquele período.

            A obra se divide em 20 capítulos, narrados em primeira pessoa pela jovem Esther Greenwood, que relata os acontecimentos ocorridos durante seu estágio em uma renomada revista de Nova York. O romance que se inicia de forma tranquila e corriqueira, demostrando o dia a dia de Esther na enorme cidade, desagua no decorrer de suas duzentas e oitenta páginas em uma enxurrada de angústia, tristeza, confusão mental e tentativas suicidas sofridas pela protagonista.

            Órfã de pai e vivendo com sua mãe que a sustenta dando aulas de datilografia, Esther se vê aos 19 anos, sendo uma das pessoas mais sortudas do mundo, quando ganha uma bolsa da faculdade para trabalhar na redação de uma revista de moda. Então, muda-se para Nova York, onde imaginou que passaria os melhores dias de sua vida. Manhãs de leituras e escritas no escritório de sua chefe, almoços rodeada por outras moças que, assim, como ela, também viviam o tão sonhado modo de vida da conhecida cidade que nunca dorme, e noites de bebidas e encontros casuais com rapazes de futuros promissores. Tudo muda quando a protagonista se vê cercada de incertezas sobre o seu futuro e decide abandonar seu estágio e voltar para casa. É aí, então, que Esther se vê encurralada pela falta de oportunidades dadas as mulheres, que até então pareciam servir apenas para serem esposas e mães, decide então tirar sua própria vida, já que seu futuro, diferente do futuro de seus conhecidos, não parecia nada animador.

            Através de inúmeras tentativas suicidas, pensamentos em devaneio e passagem por hospitais psiquiátricos vividos ela protagonista, a autora vai mostrando ao leitor, a decadência mental vivida pelos jovens do século XX. As mudanças sociais, comportamentais e políticas da época, cercaram os jovens deixando-lhes apenas com a certeza de um futuro incerto, sendo norteados somente com a promessa de um futuro melhor tendo os estudo como base. Mas Esther tinha estudo, tinha também inteligência, tinha beleza, e tinha tudo que uma jovem necessitava para se destacar na sociedade da época, mas, lhe faltava algo mais. É aqui que se revela o sofrimento vivido pelos portadores de doenças mentais na década passada, sofrimentos estes que também foram tratados em outra obras como “Garota interrompida” da escritora Susanna Kaysen e “As virgens suicidas” do escritor Jeffrey Eugenides.

            A obra se destaca pela sutileza com que se aborda um tema tão pesado como saúde mental em mulheres e pode acabar por chocar alguns leitores mais sensíveis, em razão dos inúmeros gatilhos que não são visíveis nos primeiros capítulos do livro. Apesar disto, a autora aborda de modo claro, objetivo e um tanto quanto leve, as mudanças sociais e os processo pelos quais os portadores de doenças mentais sofriam no século XX, tema este que é de grande relevância para os dias atuas e pode se do interesse de determinados públicos como os simpatizantes do movimento feminista e aqueles que lutam pela vida.

            Sylvia Plath sofreu de depressão durante boa parte de sua curta vida, morrendo aos trinta anos e deixando diversas obras, em sua maioria tratando-se de poemas, entre elas “Ariel” que possui diversos poemas escritos por Plath. Ela também ganhou o prêmio “Prêmio Puliteze de Poesia” em 1982 pela sua coleção de poemas. 

 


 

artigo

O novo mundo aceita o velho?

outubro 05, 2021

 Ã‰ notório nos últimos anos o aumento da expectativa de vida em diversos

países, incluindo o Brasil, segundo o IBGE desde os anos 40 o país elevou em até

31,1 anos a idade de vida de sua população. No entanto, não houve uma busca por

melhores formas de atender essa parte da nação, ocasionando, assim, diversos

dilemas a serem enfrentados por estes indivíduos. Sob este viés, a busca por

soluções para as questões envolvendo os direitos e necessidades da população

idosa no Brasil é um tema atual que precisa ser debatido com uma maior seriedade.

Ao contrário do que se vê em países asiáticos, a China, por exemplo, o louvor

aos idosos, o que é encontrado no Brasil é o descaso e a invalidação de

necessidade desta classe social, situação essa que fica clara quando se visita os

corredores dos hospitais brasileiros, onde, segundo estudos da Revista Mineira de

Enfermagem, são mais de 18% a porcentagem de idosos que ocupam os leitos no

país. Em virtude disto, se pode ver nos asilos verdadeiros “depósitos da melhor

idade”, filhos encontram o lugar mais próximo para abandonar seus pais. E, aliado a

isso, se tem o envelhecimento de uma população doente que não recebe

atendimento adequado para suas doenças e, assim, vagam pelas listas de espera

para conseguir uma simples consulta em um posto de saúde.

Deste modo, surge uma população deixada para atrás, por não ter mais a

garra e coragem de lutar por seus direitos, e quando, enfim, conseguem dar um

grito, são silenciados por seus descendentes, visto que, segundo os mais jovens, já

são velhos e não possuem mais lucidez para terem certeza das causas pelas quais

lutam. Assim como, se pode observar na obra cinematográfica “Aquarius”, do diretor

Kleber Mendonça Filho, onde uma idosa moradora de um condomínio prestes a ser

demolido, se coloca contra esta ideia, mas se vê obrigada a desistir por causa de

seus filhos que consideram que ela não possui mais condições de viver sozinha.

Logo, em um novo mundo, com novas tecnologias e novos conceitos, se faz necessário ter um olhar atento para aqueles que um dia foram os construtores deste

país, agora habitado por jovens que ignoram os direitos destes indivíduos.

Portanto, é necessário se por uma luz diante dos direitos e necessidades dos

idosos do Brasil. Para que seja possível solucionar esta questão, é necessário que o

Governo Federal, aliado ao Ministério da Saúde, desenvolvam, por meio de políticas

públicas, um projeto que incentive e de voz a população idosa para que possam

cobrar e denunciar situações de abuso sofridos por eles. Ademais, o Ministério da

Segurança Pública, deve realizar vistorias em casas de repouso, com a finalidade de

diminuir os casos de abandono de idosos no país. Desta forma, assegurando uma

velhice digna para os mais velhos, será garantia de uma realidade de acolhimento e

segurança para toda uma nação.