PLATH,
Sylvia. A Redoma De Vidro. 1°. ed. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014. 280
páginas.
O livro A redoma de vidro, único romance da escritora
norte americana Sylvia Plath, teve a sua primeira edição publicada em 1963, apenas
algumas semanas antes da morte da autora, tendo chegado ao Brasil somente em 2014
e sendo publicado pela editora Biblioteca Azul, conta com 280 página, onde a
escritora expõe entre fantasia e relatos autobiográficos a história da jovem e
prodÃgio protagonista Esther Greenwood.
Sylvia Plath, foi uma poetisa que viveu as mudanças,
reformas e protestos do século XX, caracterÃsticas estas que se sobressaem em
seus escritos. Apesar de ser conhecida por seus poemas, Plath também ganhou
notoriedade por seu romance intitulado no Brasil "A redoma de vidro", obra que
trata da juventude amargurada do século passado, o acesso feminino a educação e
o despreparo da medicina para lhe dar com os anseios e dificuldades mentais das
jovens que viveram aquele perÃodo.
A obra se divide em 20 capÃtulos, narrados em primeira
pessoa pela jovem Esther Greenwood, que relata os acontecimentos ocorridos durante
seu estágio em uma renomada revista de Nova York. O romance que se inicia de
forma tranquila e corriqueira, demostrando o dia a dia de Esther na enorme
cidade, desagua no decorrer de suas duzentas e oitenta páginas em uma
enxurrada de angústia, tristeza, confusão mental e tentativas suicidas sofridas pela protagonista.
Órfã de pai e vivendo com sua mãe que a sustenta dando
aulas de datilografia, Esther se vê aos 19 anos, sendo uma das pessoas mais
sortudas do mundo, quando ganha uma bolsa da faculdade para trabalhar na
redação de uma revista de moda. Então, muda-se para Nova York, onde imaginou
que passaria os melhores dias de sua vida. Manhãs de leituras e escritas no
escritório de sua chefe, almoços rodeada por outras moças que, assim, como ela,
também viviam o tão sonhado modo de vida da conhecida cidade que nunca dorme, e
noites de bebidas e encontros casuais com rapazes de futuros promissores. Tudo
muda quando a protagonista se vê cercada de incertezas sobre o seu futuro e
decide abandonar seu estágio e voltar para casa. É aÃ, então, que Esther se vê
encurralada pela falta de oportunidades dadas as mulheres, que até então
pareciam servir apenas para serem esposas e mães, decide então tirar sua própria
vida, já que seu futuro, diferente do futuro de seus conhecidos, não parecia
nada animador.
Através de inúmeras tentativas suicidas, pensamentos em
devaneio e passagem por hospitais psiquiátricos vividos ela protagonista, a
autora vai mostrando ao leitor, a decadência mental vivida pelos jovens do
século XX. As mudanças sociais, comportamentais e polÃticas da época, cercaram
os jovens deixando-lhes apenas com a certeza de um futuro incerto, sendo
norteados somente com a promessa de um futuro melhor tendo os estudo como base.
Mas Esther tinha estudo, tinha também inteligência, tinha beleza, e tinha tudo
que uma jovem necessitava para se destacar na sociedade da época, mas, lhe
faltava algo mais. É aqui que se revela o sofrimento vivido pelos portadores de
doenças mentais na década passada, sofrimentos estes que também foram tratados
em outra obras como “Garota interrompida” da escritora Susanna Kaysen e “As
virgens suicidas” do escritor Jeffrey
Eugenides.
A obra se destaca pela sutileza com
que se aborda um tema tão pesado como saúde mental em mulheres e pode acabar
por chocar alguns leitores mais sensÃveis, em razão dos inúmeros gatilhos que
não são visÃveis nos primeiros capÃtulos do livro. Apesar disto, a autora
aborda de modo claro, objetivo e um tanto quanto leve, as mudanças sociais e os
processo pelos quais os portadores de doenças mentais sofriam no século XX,
tema este que é de grande relevância para os dias atuas e pode se do interesse
de determinados públicos como os simpatizantes do movimento feminista e aqueles
que lutam pela vida.
Sylvia Plath sofreu de depressão durante boa parte de sua
curta vida, morrendo aos trinta anos e deixando diversas obras, em sua maioria
tratando-se de poemas, entre elas “Ariel” que possui diversos poemas escritos
por Plath. Ela também ganhou o prêmio “Prêmio Puliteze de Poesia” em 1982 pela
sua coleção de poemas.